segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Depoimento Ana Néri - Superação!

Desde criança fui adepta a esportes, minha aula preferida era Educação Física, e no colégio que estudei, era no mesmo horário das outras disciplinas.
E minha professora, que era a mais severa da escola, só permitia a saída para Ed. Física, daqueles que passassem primeiro por uma chamada oral de tabuada, e para uma criança da 2ª.série era um desafio e tanto, então este foi o meu 1º. desafio esportivo: decorar a tabuada.
No dia que acertei todas as perguntas da chamada oral, fui toda feliz para a quadra poliesportiva e para minha decepção recebi a notícia de que não haveria aula aquele dia, pois a professora por motivo particular havia faltado. Continue estudando como nunca a tal da tabuada, que claro para cada aula se repetia a chamada. Coisa que hoje, tem de muita serventia, sou craque em tabuada rsrs.
Nos meus 12 anos já era federada no voleibol pela minha cidade, Guarulhos.
Para treinar passava cada perrengue, até assaltada 2 vezes a caminho dos treinos eu fui, mas nunca desistia.
A vida estudantil e profissional me afastou um pouco dos treinos de vôlei, mas sempre ia pra lá e para cá em academias, em clubes batia uma bolinha, e até em empresas que trabalhei formava grupos para disputar entre áreas e até entre empresas.
Experimentei o tênis, que foi uma atividade que me envolveu de uma forma diferente, era somente eu contra um adversário, mas que exigia uma inteligência e estratégia que me desafiava muito. E aquilo foi realmente envolvente e desafiador, e como uma boa ariana, adoro desafios, e o que mais me deixava à vontade é que eu não precisava ter contato direto com o meu adversário, e isto para mim é bem confortável, gosto de uma briga intelectual e não física rsrs. E foi a partir do tênis que comecei a me desvincular de grupos para fazer uma atividade física individual.
Para uma pessoa acostumada a praticar um esporte como o vôlei, em grupo com espírito de equipe, eu sempre achei chato atividades solitárias como a corrida por exemplo. Pensava que correr pedia demais do meu corpo, era um conjunto de controles diversos como: correr, fazer a pisada direito, controlar a respiração, movimento coordenado dos braços e pernas, nooooosssa achava que era demais para mim.
Mas a partir do programa do Vida Leve que nos deu a oportunidade de experimentar a “tal corrida” eu resolvi dar o braço a torcer, e ver de perto tudo aquilo que só ouvia meus amigos falarem, como: “Nossa correr é muito bom, causa uma dependência semelhante a droga, mas é melhor pois é saudável”. Eu ouvia aquilo e pensava, que cara doido, onde já se viu tanto esforço, não deve ser tão prazeroso assim.
Bom, comecei a correr em março de 2010... e a cada dia eu entendia mais aqueles meus amigos que já estavam viciados na tal corrida. Pra mim a corrida era o desafio só meu... onde a cada passada eu desafiava a minha resistência física, e a cada fim de treino eu me sentia mais e mais forte, pois tinha vencido a mim mesma. Eu traçava um treino e sempre ia além dele, para mostrar a mim mesma que eu podia... e pode ter certeza você sempre pode.
Isto é o que mais me empolgava com a corrida, eu até acredito que o vício venha daí, desta química de querer sempre mais.
Em julho de 2010 já estava correndo alguns poucos km, e estava toda feliz com isto.
Quando um dia indo para um treino fui atropelada, o que me causou uma tíbia fraturada. E, portanto, afastada da corrida para conhecer um mundo de fisioterapias e terapias alternativas para uma recuperação mais rápida.
Teve momentos de muita depressão, pois o meu corpo tinha acostumado com o ritmo das corridas, uma impotência e a falta da endorfina levava a muitos momentos de tristeza.
Mas quando via que isto iria me atingir eu usava a fisioterapia como meu novo esporte, e via cada músculo reagindo e se preparando para voltar.
Até que em Janeiro de 2011 eu voltei às caminhadas leves, caminhadas mais pesadas, pequenos trotes, sempre muito incentivada pelo meu treinador Danilo, e às vezes pegava pesado comigo, e falava: vamos Ana você já pode dar mais de você”. E sabe quando você fica frágil e achando que ainda não esta 100%, puro medo...
E mais uma vez vamos buscar aquele sentido desafiador.... e a cada volta eu dizia não vou sentir nada, e mais uma e mais uma... e hoje estamos em julho de 2011 , exatamente 1 ano depois do acidente...
Estou fazendo 6km de puro vício, sei que é pouco, mas só hoje amanhã serão 6 + alguns metros e mais alguns metros.
Hoje me sinto como aqueles meus amigos, sou uma viciada, e alguns amigos meus já sabem que não podem marcar nenhum compromisso nos dias dos meus treinos, eles são inadiáveis...esta é minha vida , este é meu clube rsrs.
Às vezes me pego olhando para aquelas esteiras de academia e falo, ai que vontade de dar uma corridinha, eu comparo a esta sensação como de uma vitrine de doceira. Ai que vontade que dá rsrs.
Quanto a minha fratura, eu aprendi que não vai ser um ossinho ruim de roer que vai fazer eu parar de correr.

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